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À CONVERSA COM LETÍCIA BRITO

Seguiu os passos da irmã!

Letícia Brito nasceu a 3 de Dezembro de 1996. Gosta de sair com os amigos, fotografar, ler e escrever. Ambiciona ingressar na faculdade de letras para estudar Comunicação Social, pois desde há algum tempo que tem uma coluna no jornal da sua cidade (Paços de Ferreira). Ainda não publicou nenhum livro, mas já está a tratar da edição da sua primeira obra com a Chiado Editora.

Débora: Como surgiu o gosto pela escrita? Quais foram os motivos que a levaram a começar a escrever?


Letícia: A minha irmã é mais velha que eu 10 anos e nessa altura ela também escrevia bastante e colaborava com o jornal. Antes mesmo dos meus 10 anos eu tentava imitá-la e escrevia do meu jeito, mas saía tudo péssimo e foi começando a vê-la que comecei a melhorar e tentava imitá-la, até que me ofereceram o “Harry Potter e a pedra filosofal” e a magia desse livro, despertou-me ainda mais o gosto pela escrita e pela leitura, e comecei a escrever diversos contos infantis. Nunca mais parei, até que aos 12 anos perdi os meus avós paternos e as personagens dos meus contos de fadas ganhavam todos o mesmo nome, Sofia e Francisco, e foi a partir dessa perda que a escrita se intensificou, eu precisava extravasar a dor de alguma forma e encontrei nas palavras essa forma. Tenho um livro de fantasia inacabado que comecei com 12 anos, mas a partir dos 14 anos fui mudando o registo, começava a adolescência, os “namoricos”, as desilusões. E finalmente aos 16 anos recebi o livro dos meus filmes preferidos “Para a minha irmã” e “PS. eu amo-te”. A escrita da Jodi Picoult cativou-me imenso e como passei por fases conturbadas, é possível encontrar semelhanças com a escrita dela, não me comparo com ela, jamais. Para mim é das melhores autoras e quem me dera, chegar a tal nível, mas gosto de escrever thrillers, gosto de cativar a atenção, sensibilizar e tenho uma escrita muito intimista.


Débora: Quando é que acontece a oportunidade de escrever para o jornal da sua cidade?


Letícia: Foi em 2010, a minha irmã já escrevia para lá e a minha mãe surpreendeu-se quando eu escrevi o meu primeiro conto "A boneca" e como nunca mais parei e comecei a melhorar cada vez mais ela falou com o dono do jornal, mostrou-lhe o que eu escrevia e ele criou uma rubrica no jornal chamada “Tribuna Jovem”, que eu assinava todas as semanas com contos infantis, eventualmente comecei a escrever crónicas sobre a actualidade, desde política, futebol, artes, e por aí, mas mantive-me sempre com essa rubrica porque eu tinha precisamente 14 anos quando comecei, até aos dias actuais ainda escrevo, embora com menos frequência.


Débora: Então podemos concluir que a sua inspiração veio com as acontecimentos pelos quais já passou, certo? Escrever foi um refúgio?


Letícia: Sim, de certa forma, encontrei na escrita um refúgio. Comecei por querer imitar a minha irmã, mas eventualmente os acontecimentos, foram intensificando esse gosto por escrever. Sinto liberdade, vivo muito o que escrevo, confesso até que às vezes que chorei muito quando escrevia o meu livro. Sempre que algo me atinge de forma inesperada, escrevo e liberto-me.


Débora: Como descreve a sua escrita?


Letícia: Dramática, intimista e romântica.


Débora: Tendo começando muito cedo, houve alguma influência da sua irmã? Considera-a um exemplo a seguir?


Letícia: Com certeza, ela foi a base de tudo isto, eu adorava ler o que ela escrevia e pensava “porra porque é que não sou capaz de fazer igual” e foi na tentativa de imitá-la, foi seguindo o exemplo e os seus passos que comecei.


Débora: Acha que os leitores tem tendência para vos comparar?


Letícia: Não acredito, a minha irmã tem a capacidade incrível de escrever prosa e rimar por exemplo, eu não consigo escrever poesia, já tentei, mas sou um 0 à esquerda. Somos diferentes a esse nível, eu não consigo escrever poemas, ela nunca escreveu um conto infantil, por exemplo.


Débora: Sei que também é colunista no site “Ela e Ele”, como é que isto aconteceu?


Letícia: Em Junho criei a minha página no Facebook. Achei que era uma forma de mostrar aquilo que eu mais amo. Foi em Julho, escrevi um e-mail, eles receberam o meu primeiro texto e eventualmente convidaram-me para ser colunista.


Débora: O facto de escrever em mais um “sítio”, sendo este na Internet, trouxe-lhe mais seguidores certamente. Qual é a sensação de saber que há várias pessoas a lerem os seus textos? Como reage aos comentários?


Letícia: Respondendo à tua pergunta, tenho recebido um feedback bastante positivo, tenho conhecido pessoas excelentes que se identificam com o que escrevo, mensagens de apoio, incentivo e até de agradecimento, tenho seguidores que dizem que os meus textos os tem ajudado, e para mim como escritora é gratificante. Claro que uma vez ou outra surgem comentários desagradáveis, principalmente porque os meus textos são intimistas, e quando os exponho pessoas que me conhecem levam para o lado pessoal, não querendo eu jamais que interpretem como indirectas ou acreditando que uso o facto de escrever para falar de assuntos mais sensíveis, eu escrevo porque é uma forma de libertar-me das amarras do mundo, portanto a parte negativa faz parte, são ossos do oficio, mas isso acontece em qualquer trabalho.


Débora: E, agora com o lançamento do seu primeiro livro à porta, quais são as expectativas?


Letícia: São boas, aliei o facto de ser fotógrafa e à partida a capa será da minha autoria também. O nome do livro, que por enquanto tenho mantido no segredo dos deuses, é enigmático. Eu sou sempre atraída pela capa do livro, contrariando a história de que o livro não deve ser julgado pela capa, isto porque ainda no outro dia adorei um título “Deixa-me odiar-te” embora a capa não fosse nada apelativa, o título praticamente dizia “compra-me”, não o comprei porque não ia munida de dinheiro nesse dia. A maioria das pessoas com quem vou trocando ideias, sempre me dizem, o título e a capa causam o primeiro impacto e a vontade de comprar. Pedro Chagas Freitas conseguiu isso com o “Prometo falhar” e, no entanto, após ler um pouco fiquei desiludida com o conteúdo. J. K. Rowling disse: “eu sabia que a minha obra tinha potencial” e sinceramente eu acredito também no potencial da minha, prometo que o conteúdo não deixará ninguém decepcionado com o nome da obra. Espero muito sinceramente ter a oportunidade de lançar outras obras mais tarde, aliás já comecei a escrever uma nova. Espero que este livro seja o primeiro de muitos, mas certamente será dos poucos, senão mesmo o único com um final feliz.


Débora: Único com final feliz? Porquê?


Letícia: Criou-se a ideia de que todas as histórias tem final feliz, algo que aprendi com a vida é que isso nem sempre acontece e algo que a minha autora preferida faz é mostrar exatamente isso, ela cativa o leitor, mostra a verdade nua e crua e acorda nos para a realidade, finais inesperados e dramáticos quando bem escritos, causam arrepios, deixam uma inquietação, fazem refletir sobre os mínimos pormenores da vida, e é isso que eu gosto. O cliché do viveram felizes para sempre não me cativa, gosto de thrillers que prendem a respiração até ao último instante, que captam a atenção, sempre com uma boa dose de amor, mas nada exagerado.


Débora: O que diz o seu coração?


Letícia: Para não desistir nunca do sonho que me move!


Débora: O que gostaria de dizer para finalizar esta entrevista?


Letícia: Que nunca deixem de acreditar na força que há dentro delas mesmo quando tiverem a sensação de que está tudo perdido e claro que fiquem atentas e se tiverem a oportunidade, leiam o livro que vou publicar, não será apenas um romance, é uma mensagem para todos aqueles que sofrem com depressão e um alerta para quem ainda menospreza esta doença.


Débora: Obrigada, muito sucesso para si!


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Foto: Concebida pela autora


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