À CONVERSA COM RUI BERNARDINO
Para ser possível basta acreditar!
Rui Miguel Tavares Abreu Bernardino nasceu a 19 de Maio de 1978 e é uma pessoa brincalhona, teimosa e persistente. Gosta de jogar xadrez, de passear com a sua filha e de ler. Regressou a escola e estuda neste momento Gestão de Empresas no ISCAC. Publicou o seu primeiro livro em Outubro de 2014 com a Chiado Editora – “É possível”.
Débora: Quando é que começou a escrever?
Rui: Tenho uma doença, degenerativa e hereditária, ao longo dos anos ela tem me incapacitado demais (por exemplo actualmente algumas pessoas já sentem dificuldade em me entender...). Essa é a minha realidade, mas como nem tudo pode ser mau!!! Cognitivamente estou bem e preciso encontrar formas de ser ouvido (daí a ideia do livro). Além de tudo isso tenho noção de que o meu viver desperta curiosidade nas pessoas e como eu necessito de rendimentos, juntei o útil ao agradável.
Débora: Como é que foi o processo de edição?
Rui: Como disse foi algo idealizado durante anos, o processo de escrita foi demorado, pedi ajuda a profissionais para ficar “algo” bem feito a partir daí a edição foi muito tranquila, quando a editora viu foi logo aprovado. Porque a Chiado? Na altura e hoje é a editora que tem melhor publicidade e... Já depois do lançamento e passado 1 ano (pelo que me foi dito brevemente está na 3ª edição) não escolheria esta editora acho que eles só veem os livros na forma de euros (mas enfim...)!!!
Débora: Quais foram os profissionais com quem entrou em contacto? No que foi que o ajudaram?
Rui: Primeiramente uma jornalista, Cláudia Cambraia, serviu para “arrumar” dar uma ordem às minhas ideias depois vieram os médicos, terapeutas e alguns amigos já doutorados (eles cuidaram da parte cientifica e o amigo Ricardo Reis fez o prefácio) por último e com ele já quase pronto pedi a 2, 3 professores universitários “críticas” construtivas com o intuito de melhorar algo.
Débora: No que se inspirou para escrever este livro?
Rui: Fui só influenciado pela minha condição física, garanto, depois de ter tudo planeado na cabeça começaram a aparecer apoios... Exemplos, pode parecer estranho, mas eu não quis nenhum acho muito melhor a originalidade (quem lê percebe isso, lógico que poderia estar melhor mas deixava de ser meu, se eu sou simples tinha de passar isso). A minha inspiração, de longe, foi a minha esposa, filha e as dificuldades do dia a dia, mas “É Possível”. Ídolos é uma palavra muito forte e garanto que, graças a Deus, não tenho ninguém nem na literatura nem em nada. Só gosto de ler livros contemporâneos, histórias verídicas e que usem linguagem directa... (há um que aprecio, mais pela sua personalidade, o Miguel Sousa Tavares), mas ídolos jamais!
Débora: Como surgiu o título? “É possível” porquê?
Rui: Já estava metade do livro escrito e eu sem ideias para o título. Um dia (durante o banho!) surgiu a ideia do “É possível”. Gostei e fundamentei a ideia com um versículo bíblico que adoro “Tudo é possível ao que crê” (Marcos 9:23), passei a ideia e todos aprovaram, mas também gostei porque é muito abrangente e deu “ideia” de liberdade. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm (1Corintos 6:12).
Débora: Como descreve a sua escrita?
Rui: Muito directa e realista (em Português diz-se “curto e grosso”) sei que tenho dificuldade em exprimir o meu pensamento, uso muitos termos Brasileiros (a minha mulher é Brasileira e convivemos diariamente quase há 10 anos) mas adoro escrever, e dia a dia prometo melhorar!
Débora: É o seu livro de alguma forma uma lição de vida?
Rui: Eu quando idealizei o livro nunca pensei em dar lições a ninguém só quis e continuo a querer mostrar que alguém com uma doença degenerativa pode e deve viver com dignidade, não sou melhor que ninguém mas acredito muito no amanhã.
Débora: O que diz o seu coração?
Rui: Coração de escritor, bonitas palavras! Como já disse cada dia mais necessito da escrita para me expressar por isso só tenho um caminho! Por isso estejam atentos aos próximos capítulos...
Débora: O que gostaria de dizer para finalizar esta entrevista?
Rui: Preciso de todos vocês, 37 anos não sei como estarei daqui a uns anos... Preciso qualidade de vida e condições para novos projectos. Adorava que lessem o “É possível” e me dessem o vosso feedback porque quem já o fez tem dito que a vida deles foi mudada! Sei que o futuro a Deus pertence mas todos nós podemos “dar uma mão”...
Débora: Obrigada, muito sucesso para si!
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Foto: Concebida pelo autor